Cynthia Lum, uma das maiores fotógrafas do circuito mundial de tênis faleceu nos Estados Unidos, na semana passada.
Desde a fundação de Tennis View, Cynthia foi uma grande entusiasta da revista, fotografando a maioria das capas e das fotos que deram vida ao periódico nacional.
Ela percorreu as quadras de tênis do mundo todo, de Melbourne, a Paris, de Londres a Nova York, sempre com um olhar diferenciado e muita graciosidade.
Essa entrevista que reproduzimos abaixo é uma homenagem à nossa grande colaboradora e amiga não só da Tennis View, mas do Brasil.
Tennis View – Como você se tornou uma fotógrafa de tênis?
Cynthia Lum – Eu sempre quis ser jornalista. Cursava faculdade no Art Institute de Chicago e resolvi concluir os estudos na Universidade da Califórnia em Los Angeles (UCLA), onde me puseram uma câmera na mão. Me apaixonei e acabei fazendo uma especialização em fotojornalismo. Durante o curso, um professor pediu um trabalho sobre esportes. Fui fotografar o time de tênis da UCLA, o técnico gostou do meu trabalho e acabou me chamando para fazer as fotos oficiais da equipe. O chefe de imprensa da UCLA e o chefe de comunicação da associação de tênis do Sul da Califórnia também gostaram e me pediram pra fotografar um jovem jogador e seu técnico, para uma matéria especial da revista que ele estava fazendo. Sem muito saber o que deveria fazer, fui até Palisades e fotografei o Pete Sampras, de apenas 17 anos, e o técnico dele, o Pete Fischer.
TV – É sua então a famosa foto do Sampras com o Fischer?
CL – Sim. É uma foto que já saiu no mundo e a foto que mais me deu dinheiro até hoje.
TV – E daí tudo começou?
CL – Em seguida, a Tennis Magazine me pediu para fotografar o “novato” da temporada, que jogava um torneio na Califórnia. Era o Jim Courier. O Sampras e o Courier praticamente me iniciaram no circuito. Me lembro de que, na época, eu pensava: “isso é temporário, não vou ficar fotografando tênis por muito tempo”, e hoje estou aqui eu estou.
TV – Quantos torneios você fotografou?
CL – Não sei precisar quantos, mas foram mais de 150 com certeza. Só de Grand Slams, são 16 US Opens, 16 Wimbledons, 16 Roland Garros e uns 12 Australian Opens, sem falar em inúmeros Masters 1000 e Masters Cup; até no Brasil Open eu já estive e uns 18 LA Tennis Opens. Sou a fotógrafa oficial do torneio que é disputado na na UCLA desde que aqueles tempos.
TV – Durante todos esses anos, qual jogador você mais gostou de fotografar?
CL – O Guga com certeza é um dos meus favoritos. Adorava fotografá-lo deslizando na quadra de saibro, correndo atrás da bola e sempre terminando o jogo com um belo sorriso. O Patrick Rafter dava belas fotos também, com o jogo dele de saque e voleio, diferente dos outros. O Roddick é um cara divertido de fotografar; O Monfils, pelas expressões que faz. Enfim, cada jogador é diferente, mas o Guga e o Rafter eram especiais.
TV – E o mais difícil de fotografar?
CL – Pode parecer brincadeira, mas eu diria que o Federer, porque ele está sempre olhando para baixo, até mesmo quando bate na bola. Sem falar que em todos os golpes ele parece que não está fazendo esforço; então, é difícil captar um momento especial.
TV – Que dicas você daria a um fã de tênis que está indo a um torneio e quer fotografar o campeonato?
CL – Vamos lá!
1. Para pessoas que não estão acostumadas a fotografar tênis, para começar, com as câmeras automáticas, a sugestão é focar no jogador que está esperando para receber o saque, ou no jogador que está se preparando para sacar, no momento que ele começa a mexer a raquete.
2 – Outra dica é ir para as quadras menores, em que se pode ficar muito mais perto dos tenistas.
3 – Se a câmera tiver um modo esportes ou ação, deve ser colocada nesta posição, assim ele terá mais velocidade.
4 – Se quiser fotografar algo à noite ou quando a luz estiver caindo, a câmera deve estar apoiada na arquibancada, ou em uma cerca, para dar mais segurança e evitar que a foto saia tremida.
5 – No meio da tarde, quando a quadra está com sombra e sol, eu gosto de ficar com o sol nas minhas costas, dá foto muito interessantes. Num estádio grande, a dica é subir até o topo e escolher o ângulo favorito. Fotografia é muito pessoal e nunca há uma foto ruim. Cada foto é especial e cada uma retrata um momento que não vai acontecer outra vez.
Foto: Imstagram